Nina é uma bailarina que ambiciona a perfeição técnica. Quando consegue o cobiçado papel de Rainha dos Cisnes numa encenação do ballet "O Lago dos Cisnes" é confrontada com o desconfortável facto de que é precisamente isso que a separa da perfeição: o seu controlo técnico é-lhe apontado enquanto um dos factores que pôs em causa a sua escolha para o papel.
Mas "Black Swan" não começa aqui. "I had the craziest dream last night", diz Nina ao acordar de um sonho. Este sonho é, na verdade, o prelúdio do seu percurso. Nina é o Cisne Branco perfeito, em todos os movimentos e inclusivamente na sua identidade. A história complica-se quando tem de interpretar o Cisne Negro: precisamente a antítese, uma versão distorcida e perversa. Depressa se apercebe de que a tarefa se revela bastante mais complexa do que o percurso que a levou a obter o papel.
E aqui, Darren Aronofsky começa a dar cartas: começa por quase inocentes jogos de reflexos nos espelhos das salas de ensaios e bastidores, para levar a parada a outra nível. Nina começa a percepcionar a sua forma física projectada em Lily, uma bailarina que encerra em si a liberdade e libertinagem que encontram contra-ponto na pureza e fragilidade do Cisne Branco. Esta dualidade quase lynchiana é, desde logo, uma das forças motrizes de "Black Swan". Esta trata-se do confronto de duas forças antagónicas: as noções primitivas do branco e do negro. Mas, ainda com este tipo de conceitos, surge a linha ténue que as separa: as implicações deste confronto têm consequências práticas na vida de Nina, nomeadamente na relação com a sua mãe.
E o verdadeiro espelho desta mutação transmite-se de forma física. A metamorfose de Nina no Cisne Negro será, porventura, um dos maiores portentos a que a história recente do cinema assistiu. É precisamente a materialização desta metamorfose que reflecte as implicações que a sua entrega teve na sua identidade. E até aqui seria legítimo questionar até que ponto Darren Aronofsky imprimira a sua identidade ao contacto com o mundo das drogas (no sentido lato do termo, evidentemente) em "Requiem for a Dream", ao amor intemporal em "The Fountain" ou ao quotidiano do wrestler reformado em "The Wrestler". Em "Black Swan", é evidente a completa projecção da sua identidade artística na totalidade do percurso de Nina: este não é mais do que o processo criativo de um artista, com o qual apenas quem nunca se viu envolvido em tal conseguirá ficar indiferente.
Mas "Black Swan" não começa aqui. "I had the craziest dream last night", diz Nina ao acordar de um sonho. Este sonho é, na verdade, o prelúdio do seu percurso. Nina é o Cisne Branco perfeito, em todos os movimentos e inclusivamente na sua identidade. A história complica-se quando tem de interpretar o Cisne Negro: precisamente a antítese, uma versão distorcida e perversa. Depressa se apercebe de que a tarefa se revela bastante mais complexa do que o percurso que a levou a obter o papel.
E aqui, Darren Aronofsky começa a dar cartas: começa por quase inocentes jogos de reflexos nos espelhos das salas de ensaios e bastidores, para levar a parada a outra nível. Nina começa a percepcionar a sua forma física projectada em Lily, uma bailarina que encerra em si a liberdade e libertinagem que encontram contra-ponto na pureza e fragilidade do Cisne Branco. Esta dualidade quase lynchiana é, desde logo, uma das forças motrizes de "Black Swan". Esta trata-se do confronto de duas forças antagónicas: as noções primitivas do branco e do negro. Mas, ainda com este tipo de conceitos, surge a linha ténue que as separa: as implicações deste confronto têm consequências práticas na vida de Nina, nomeadamente na relação com a sua mãe.
E o verdadeiro espelho desta mutação transmite-se de forma física. A metamorfose de Nina no Cisne Negro será, porventura, um dos maiores portentos a que a história recente do cinema assistiu. É precisamente a materialização desta metamorfose que reflecte as implicações que a sua entrega teve na sua identidade. E até aqui seria legítimo questionar até que ponto Darren Aronofsky imprimira a sua identidade ao contacto com o mundo das drogas (no sentido lato do termo, evidentemente) em "Requiem for a Dream", ao amor intemporal em "The Fountain" ou ao quotidiano do wrestler reformado em "The Wrestler". Em "Black Swan", é evidente a completa projecção da sua identidade artística na totalidade do percurso de Nina: este não é mais do que o processo criativo de um artista, com o qual apenas quem nunca se viu envolvido em tal conseguirá ficar indiferente.
0 comentários:
Enviar um comentário