sexta-feira, 23 de julho de 2010

Super Bock Super Rock 2010: Dia 18.

A hora das incertezas: The Morning Benders apresentam-se no palco secundário às 19h20 e Stereophonics no palco principal às 19h10. Nenhuma das bandas é, a nível pessoal, exactamente uma referência: desconhecia o conteúdo dos primeiros e os segundos passam-me completamente ao lado. A escolha inicial acabou por recair nos The Morning Benders, uma banda que, a avaliar pelos três temas iniciais do alinhamento apresentado, se revelou desprovida de grande interesse ou energia. Deu-se então oportunidade aos Stereophonics, ainda que em vão, já que só conseguiram provar uma vez mais a sua extrema banalidade e artificialidade de expressão.



O início estava marcado para as 20h20, hora de Britt Daniel e a sua banda tomarem conta do palco principal (Wild Beasts actuaram à mesma hora, mas já diziam os MGMT, "decision to decisions are made and not bought"). Se em disco os Spoon se revelam uma das melhores coisas a acontecerem ao rock alternativo da última década, ao vivo não se ficam por menos. Em primeiro lugar, a banda de Austin não é de cerimónias: Britt Daniel pegou na guitarra acústica e deu, de súbito, início ao concerto com "Me and the Bean" (o mesmo indíviduo que duas horas se encontrava a passear pelo recinto travando conhecimento com os festivaleiros), só sendo acompanhado pelos restantes elementos ao segundo tema, "The Underdog". Um avião esquizofrénico dessa marca de bebida energética tentou desviar as atenções, mas acabou por se juntar à festa. Já se ia em "Don't Make me a Target" (feliz incidência em Ga Ga Ga Ga Ga) quando a electricidade tomou conta do recinto. É bastante incompreensível como uma banda desta magnitude passa relativamente despercebida perante o público português, mas o feedback melhora à medida que se passeiam os trunfos: "The Way we Get By", "I Turn my Camera On" ou "I Summon You" trazem outra vitalidade à prestação. É ainda de notar a eficácia dos temas do novo disco ao vivo.



Os The National não vieram actuar para um público exactamente desconhecido: à parte dos agradecimentos debitados aos festivaleiros, o facto de apresentarem um alinhamento e uma entrega como o que aconteceu no passado Domingo no Meco é, sim, uma verdadeira prova de devoção. Percorrendo quase todos os recantos de maior relevância da sua discografia (que não são escassos), dificilmente se poderia ter ido mais longe: Boxer a dominar uma boa percentagem da actuação ("Mistaken for Strangers" revela-se um início terrivelmente eficaz, enquanto "Slow Show" desdobra a sua força motriz em bruto e "Fake Empire" eleva tudo até à estratosfera), tempo para Alligator ("Secret Meeting" é um excelente catalisador de emoções emergentes, enquanto "Mr. November" é a catarse em forma incendiária) e destaque para High Violet (cujos temas relativamente frescos acabam por contagiar a actuação - "Terrible Love" tem a verdadeira expressão tocada ao vivo e "Afraid of Everyone" é um claramente um dos ases do conjunto). A nível pessoal, talvez um pouco menos deste último disco fosse necessário ao set. No entanto, também o fim com "About Today" não é em vão - é, aliás, devastador.

Um pequeno apontamento para o "espectáculo" de Prince: uma performance bastante interessante, não fosse confundir-se várias vezes com um manifesto nacionalista. Em relação à "histórica" actuação do fado de Amália Rodrigues com Ana Moura acompanhada à guitarra eléctrica tratou-se, no minímo, de uma perda de identidade total da Arte: se se diz que a palavra "saudade" não tem tradução em mais nenhuma linguagem que não o português, também o sentimento do Fado não me parece ser passível de tradução neste tipo de demonstração. A fechar, de notar que "Purple Rain" é o épico de três horas do artista norte-americano. Obrigado.

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