A narrativa de "Vertigo", obra-prima de Alfred Hitchcock estreada em 1958, é em si cheia de peculiaridades e detalhes. Existe, pois, a história do detective Scottie contratado para vigiar Madeleine, pela qual acaba por nutrir certos fortes sentimentos. No entanto, com a saída de Madeleine de cena, é possível constatar a possibilidade de análise das várias camadas desta trama, para momentos a seguir sermos surpreendidos por uma nova aparição desta entidade. Mas esta figura, que antes conhecemos enquanto Madeleine, afirma agora chamar-se Judy. Cedo se constata que não ludibria nem o espectador nem o detective Scottie. E esta cadeia causal leva a uma cena absolutamente transcendente: Judy entra no quarto deixando Scottie entrar atrás de si, seguindo para a casa de banho para se preparar para jantar. Scottie senta-se à janela. Iluminada por luzes neon verdes que vêm do exterior, surge agora a figura de Madeleine, que avança até aos braços de Scottie. Não há nada mais revelador do que esta transfiguração e o seu respectivo encaixe nas tais várias camadas de leitura de "Vertigo".
1 comentários:
Um grande filme de um grande mestre.
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